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O AGORA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A Confluência Estratégica: Inteligência Artificial, Energia Limpa e Data Centers como Vetores de Crescimento Econômico para o Brasil

  • Foto do escritor: Luiz  de Campos Salles
    Luiz de Campos Salles
  • há 20 minutos
  • 13 min de leitura

Este texto foi produzido e editado pelo autor a partir de “prompts” e referencias adicionais.  Autor:  LUIZ DE CAMPOS SALLES    

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1. Introdução: Uma Nova Fórmula para o Desenvolvimento Nacional


O cenário global contemporâneo é definido por duas megatendências incontornáveis: a corrida pelo domínio tecnológico em Inteligência Artificial (IA) e a urgente transição para uma matriz energética descarbonizada. Na intersecção dessas duas forças, reside uma oportunidade estratégica singular para nações que conseguirem alinhar sua ambição digital com sua capacidade energética. O Brasil, de forma rara e notável, encontra-se em uma posição privilegiada para liderar essa convergência.


Este ensaio defende que a aceleração do crescimento econômico do Brasil pode ser catalisada por uma sinergia até então subestimada, que pode ser sintetizada na fórmula "1=2+3+4". Nessa equação, o crescimento econômico (1) não é um resultado aleatório, mas a consequência direta de uma ação coordenada que une o desenvolvimento em Inteligência Artificial (2), o vasto potencial de energia limpa (3) e uma abordagem estratégica para a infraestrutura de data centers (4). A premissa central é que a convergência desses três pilares não apenas resolve os desafios de cada um, mas cria um ciclo de valor que eleva o país a uma nova patamar de competitividade global. Para os tomadores de decisão, esta não é apenas uma análise de tendências, mas um roteiro para transformar vantagens competitivas latentes em prosperidade nacional.


2. Pilar 2: O Motor da Inovação - A Ascensão da Inteligência Artificial no Brasil


O Brasil tem demonstrado um progresso significativo no desenvolvimento de um ecossistema de Inteligência Artificial. O país ocupa atualmente a sexta posição global em número de profissionais atuando no segmento de IA, com uma força de trabalho estimada em 58.000 pessoas, o que demonstra um crescimento expressivo e coloca a nação em destaque no cenário tecnológico mundial. A importância da IA tem sido objeto de crescente interesse desde o início dos anos 2000, impulsionada pelo aumento no poder computacional e pela disponibilidade de grandes volumes de dados.  


O reconhecimento da IA como uma tecnologia de impacto transversal se reflete em iniciativas de políticas públicas. O governo federal, por exemplo, já utiliza IA generativa para otimizar a gestão pública e auxiliar na análise de mais de 20.000 documentos do executivo por meio de um projeto-piloto com o Serpro. Essa ação demonstra que a tecnologia não é vista apenas como uma ferramenta para o setor privado, mas como um elemento crucial para a inovação na governança e na eficiência estatal. Além disso, a atuação do Brasil em fóruns internacionais, como o G20, onde o país lançou um plano de US$ 4 bilhões para IA focado em desenvolvimento inclusivo e sustentável, reforça sua posição estratégica e seu compromisso em moldar a regulamentação global da tecnologia.  


A IA não é apenas um motor de inovação, mas também um habilitador essencial para a agenda de sustentabilidade. A tecnologia pode desempenhar um papel fundamental na gestão ambiental, social e de governança (ESG) de empresas, auxiliando na avaliação de materialidade, no rastreamento de emissões, na análise de dados da cadeia de suprimentos e na geração de relatórios de sustentabilidade precisos. Esta aplicação demonstra que a IA não é dissociada da agenda ambiental, mas pode ser uma ferramenta poderosa para promovê-la. Por exemplo, a tecnologia pode ser utilizada para monitorar, analisar e gerenciar métricas essenciais em data centers, como consumo de energia, umidade e temperatura, otimizando a operação e o uso de recursos.  


Apesar do crescimento e das iniciativas promissoras, o setor enfrenta um gargalo crítico: a escassez de mão de obra qualificada. Dados da Brasscom revelam um déficit significativo entre 2019 e 2024, quando o mercado demandou mais de 665.000 profissionais de tecnologia, mas apenas 464.569 se formaram no período. Essa lacuna é atribuída ao ritmo acelerado da inovação, que supera a capacidade das instituições de ensino de formar profissionais na mesma velocidade, muitas vezes por falta de infraestrutura ou currículos atualizados. O déficit de talentos em IA e tecnologia não é apenas um problema de recursos humanos; é um fator limitante direto para a capacidade do Brasil de capitalizar o crescimento impulsionado pela fórmula "1=2+3+4". A expansão da infraestrutura de data centers e a demanda por gestão inteligente da energia exigirão esses profissionais, e a inação nesse campo pode invalidar a oportunidade estratégica de desenvolvimento.  

A tabela a seguir ilustra a força de trabalho e a demanda por profissionais de tecnologia no Brasil, destacando a necessidade de ações coordenadas para suprir a lacuna de talentos.

Indicadores do Mercado de Trabalho em Tecnologia e IA no Brasil

Dados e Fontes

Posição Global em Profissionais de IA

6º lugar, com aproximadamente 58.000 pessoas  

Demanda por Profissionais de Tecnologia (2019-2024)

> 665.000  

Formandos em Tecnologia (2019-2024)

464.569  

Déficit de Profissionais

> 200.000  

3. Pilar 3: A Vantagem Competitiva - A Matriz Energética Limpa do Brasil


O Brasil é uma potência global em energia limpa, uma vantagem competitiva inigualável na era da descarbonização. Sua matriz elétrica é notavelmente dominada por fontes renováveis, com 84,25% da potência instalada proveniente de fontes como hídrica (55%), eólica (14,8%) e biomassa (8,4%). Essa configuração coloca o Brasil na vanguarda da transição energética. Em um ranking global, o país ocupa a segunda posição na produção de energia renovável, com 89,3% de sua energia gerada a partir de fontes limpas, atrás apenas da Noruega e à frente de nações como a Nova Zelândia. A geração de energia limpa brasileira é, inclusive, três vezes maior que a média mundial, e o país é líder entre os membros do BRICS neste quesito.  


O potencial brasileiro para expandir a sua matriz de energia renovável é gigantesco, graças à sua posição geográfica, clima e vastos recursos hídricos e agrícolas. A diversificação da matriz é uma prioridade, com a ascensão de fontes como a energia solar e a aposta em tecnologias de baixo carbono. O país tem se posicionado como uma das principais potências emergentes na produção de biometano, um combustível renovável derivado de biomassa com potencial para suprir até 80% das frotas pesadas e gerar eletricidade. A Unidade de Tratamento e Gestão de Resíduos (UTGR) do Grupo Multilixo em Jambeiro, São Paulo, é um exemplo concreto, sendo a primeira usina do setor 100% autossustentável, gerando sua própria eletricidade e contribuindo para a redução de 170.000 toneladas anuais de  

CO2​.  


Essa abundância de energia limpa e de baixo custo confere ao Brasil uma vantagem competitiva decisiva para atrair investimentos em data centers, que são consumidores intensivos de energia. Enquanto outras nações enfrentam desafios de infraestrutura e precisam investir trilhões para descarbonizar suas redes e suprir a crescente demanda, o Brasil já oferece uma solução sustentável e competitiva. O crescimento exponencial da infraestrutura digital, por sua vez, atua como um catalisador para a expansão da matriz de energia renovável. As projeções do Ministério de Minas e Energia indicam que a demanda dos data centers exigirá um investimento de R$ 54 bilhões em nova geração de energia renovável até 2037 , criando um ciclo virtuoso onde a demanda digital impulsiona o investimento em sustentabilidade energética.  


A tabela a seguir compara a produção de energia renovável do Brasil com a de outras nações, solidificando sua posição de liderança.

Ranking Global de Produção de Energia Renovável (2023)

% de Energia Gerada a partir de Fontes Renováveis

1. Noruega

98,3%

2. Brasil

89,3%  

3. Nova Zelândia

87,6%

4. Dinamarca

87,2%

5. Portugal

75,5%

4. Pilar 4: A Infraestrutura do Futuro - Data Centers e Seus Desafios de Escala


Os data centers são a espinha dorsal da economia digital e o "coração" da Inteligência Artificial. Eles são as infraestruturas físicas que abrigam servidores, dispositivos de armazenamento e redes, essenciais para o processamento e a distribuição massiva de dados. O Brasil, ciente de seu papel estratégico, lidera o mercado de data centers na América Latina, representando 50% dos investimentos na região, com um crescimento projetado de US$ 3,5 bilhões até 2029. O apoio do governo a esse setor é evidente, com o BNDES lançando uma linha de crédito de R$ 2 bilhões para incentivar novas instalações e reforçar a capacidade digital do país.  


A ascensão da IA e a crescente digitalização, no entanto, trazem consigo um desafio energético monumental. A demanda por energia de sistemas de IA pode representar até 49% da eletricidade utilizada por um data center, pressionando a infraestrutura elétrica global. Globalmente, os data centers consomem entre 1% e 2% da eletricidade mundial, um número que pode dobrar até o final da década. A composição desse consumo é particularmente reveladora: cerca de 40% da energia é destinada ao funcionamento dos servidores, e uma quantidade equivalente, também de 40%, é consumida pela refrigeração necessária para dissipar o calor gerado. Essa necessidade de resfriamento, que muitas vezes consome grandes volumes de água, também levanta sérias preocupações ambientais e de licenciamento.  


A resposta brasileira a esses desafios não é passiva. O país está se posicionando como um hub para data centers sustentáveis, com projetos de vanguarda que demonstram o potencial de aliar infraestrutura digital à sustentabilidade. A região Nordeste, por exemplo, tornou-se um polo estratégico, aproveitando a abundância de energia eólica e a proximidade de cabos submarinos. Projetos de grande escala, como o  

Rio AI City no Rio de Janeiro e o Scala AI City no Rio Grande do Sul, com capacidades que podem atingir 3,2 GW e 4,7 GW, respectivamente, são exemplos de como o país está atraindo investimentos bilionários. Empresas como a Ascenty já operam com energia 100% renovável e alta eficiência, inclusive com projetos que não consomem água para resfriamento.  

Para mitigar os desafios regulatórios, como a alta complexidade do licenciamento ambiental e a falta de uma tipificação específica para a atividade , o governo brasileiro está desenvolvendo o  

Redata (Regime Especial de Atração de Data Centers). Este regime tributário especial busca atrair cerca de R$ 2 trilhões em investimentos ao longo de dez anos, oferecendo benefícios fiscais (isenção de IPI, PIS, Cofins e Imposto de Importação) em troca de compromissos claros com sustentabilidade, como o uso de energia renovável, alta eficiência energética e reserva de capacidade para o mercado doméstico. A criação de um marco legal mais claro e a simplificação dos processos de licenciamento, como já implementado em Goiás, são passos cruciais para reduzir a incerteza e atrair mais capital.  


Um aspecto particularmente notável é que os data centers, com suas tecnologias de gestão energética baseadas em IA, sistemas de armazenamento de energia (como baterias de lítio) e sistemas de no-breaks (UPSs) de última geração, não são apenas consumidores passivos de energia. Eles podem atuar como estabilizadores da rede elétrica, armazenando energia em horários de baixa demanda e liberando-a em momentos de pico, ajudando a mitigar a intermitência característica das fontes renováveis como a eólica e a solar. Esse papel de "novos aliados da transição energética" transforma a equação e os posiciona como parte da solução para os desafios da infraestrutura de energia.  

Projeções de Crescimento de Data Centers no Brasil

Dados

Fontes

Capacidade Instalada (2024)

777 MW


Capacidade em Construção (2024)

472 MW


Capacidade Planejada (2024)

468 MW


Capacidade Total (2024)

1,7 GW


Projeção de Demanda (2037)

2,5 GW


Investimento Necessário em Geração Renovável para 2,5 GW (2037)

R$ 54 bilhões


 

5. A Sinergia Estratégica: A Oportunidade Inédita (2+3+4)


A verdadeira oportunidade para o Brasil reside na articulação desses três pilares em uma estratégia coesa. A confluência entre o avanço da Inteligência Artificial (2), o potencial de energia limpa (3) e a expansão estratégica dos data centers (4) não é uma coincidência, mas uma sinergia que o país está unicamente posicionado para explorar.


O desenvolvimento da IA exige uma infraestrutura massiva de data centers, o que, por sua vez, demanda um volume gigantesco de energia elétrica e refrigeração, exercendo uma pressão considerável sobre a infraestrutura global. A solução para este desafio não está na geração de energia suja, mas em uma fonte abundante, de baixo custo e, crucialmente, limpa. O Brasil, com sua matriz energética majoritariamente renovável e vasto potencial de expansão em fontes como a eólica e a solar, oferece uma solução natural para essa demanda crescente. Em contraste com nações que precisam de trilhões em investimentos para descarbonizar suas redes e, simultaneamente, aumentar a capacidade para atender à nova demanda digital, o Brasil já parte de uma posição de liderança inquestionável.  


Os data centers são o ponto de convergência que materializa essa sinergia. Eles não são apenas consumidores, mas o elo que transforma o potencial energético limpo (3) na potência necessária para impulsionar a IA (2), criando um ciclo de valor que se retroalimenta. A própria IA pode ser utilizada para otimizar a operação e a refrigeração desses data centers, minimizando o impacto ambiental e maximizando a eficiência energética. Além disso, a tecnologia permite que empresas gerenciem de forma mais precisa suas metas de ESG, rastreando emissões e gerando relatórios consistentes.  


O papel das políticas públicas é o eixo central que transforma essa sinergia potencial em uma estratégia nacional. O Redata e o Plano Nacional de Data Centers representam a resposta estratégica do governo para canalizar investimentos e garantir que o crescimento do setor seja intrinsecamente ligado à agenda de sustentabilidade. Ao vincular os benefícios fiscais à adoção de energia renovável, eficiência hídrica e energética, e à oferta de capacidade para o mercado doméstico, o governo cria as condições para que a expansão digital seja "verde" por padrão, gerando valor não apenas para as empresas, mas para a economia e o meio ambiente como um todo.  


6. Conclusão e Recomendações Estratégicas: Traduzindo a Sinergia em Crescimento Econômico (1)


O Brasil tem à sua frente uma oportunidade de desenvolvimento econômico sem precedentes, onde o crescimento não precisa ser antagônico à sustentabilidade. A fórmula "1=2+3+4" oferece uma lente através da qual se pode enxergar o futuro do país, um futuro em que a Inteligência Artificial, a energia limpa e os data centers se unem como a fundação de uma nova economia digital sustentável e resiliente. O valor gerado pela sinergia desses três pilares é exponencialmente maior do que a soma de suas partes. A atração de capital (projetos que podem chegar a R$ 2 trilhões em 10 anos ), a criação de empregos de alta qualificação (mesmo com o déficit atual, a demanda é um sinal de crescimento ) e a exportação de serviços digitais "verdes" são os resultados diretos dessa estratégia.  

Para traduzir essa sinergia em crescimento econômico tangível, recomenda-se aos tomadores de decisão uma abordagem estratégica e coordenada, baseada nos seguintes pilares:

  • 1. Política e Regulação:

    • Priorizar a aprovação do marco legal para data centers, simplificando e padronizando os processos de licenciamento ambiental em nível federal e estadual.  

    • Implementar o Redata com mecanismos claros de fiscalização para garantir que os benefícios fiscais estejam diretamente vinculados a metas rigorosas de sustentabilidade, como o uso de energia 100% renovável e alta eficiência hídrica.

  • 2. Educação e Capacitação:

    • Lançar programas massivos de investimento em educação tecnológica, com foco na formação de talentos em IA, por meio de parcerias com o setor privado, universidades e hubs de inovação.  

    • Criar um plano nacional de requalificação profissional para preparar a força de trabalho para as novas demandas da economia da IA.

  • 3. Infraestrutura e Inovação:

    • Incentivar a criação de "data center parks" ou zonas econômicas especiais, com infraestrutura pré-estruturada de energia, água e conectividade para reduzir custos e prazos de implementação.  

    • Promover a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de resfriamento mais eficientes e sustentáveis, incluindo o uso de IA para gestão térmica.  

Ao abraçar essa confluência estratégica, o Brasil pode não apenas superar seus desafios econômicos, mas também se posicionar como um líder global, demonstrando que a transição para uma economia digital e verde é a única via sustentável para o desenvolvimento no século XXI.


Veja na página 11 links para outras matérias relacionadas ao tema deste artigo.

 

As fontes usadas pela IA Gemini são as seguintes:

Sources read but not used in the report


 

OUTRAS REFERENCIAS:

 

1-     O BRASIL possui recursos energéticos renováveis abundantes   https://nextcloud.tvssite.com/index.php/s/GeQJGceNFTnZDEZ

2-     Artigo original do FINANCIAL TIMES em inglês relatando que a Siemens Energy tem uma fila recorde de pedidos resultantes de novos Data Centers que estão sendo construídos

3-     Relatório relativo ao desempenho da Siemens Energy  no 2º trim 2025    https://nextcloud.tvssite.com/index.php/s/wGejWMGN9HwQDkz

4-     THE ECONOMIST  em 27/7/25       The economics of superintelligence   

5-   Cópia de dois parágrafos relevantes do NEW YORK TIMES sobre energia limpa                  https://nextcloud.tvssite.com/index.php/s/Qmq3XCjT5eTk9Si

6-     Tipos de Energia limpa            

 

 

                     

 

 

 
 
 

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